Capítulo 7
O casamento
Foi tudo perfeito, a cerimônia, a
festa, a alegria. Apesar de não conhecer nem a metade das pessoas que estavam
lá. Eu estava feliz e tudo isso era por causa dele, Anthony. O Bill estava
certo, como eu pude duvidar dele.
Sentada no jardim, com os pés ardendo
de tanto dançar, tirei os sapatos e pisei na grama. Foi quando ouvi um choro
descontrolado intercalado por soluços e corri pra ver quem era.
-Drew?
-Liz? O que está fazendo aqui?
-Porque está chorando Drew?
-Não é da sua conta, volte para sua
festa... Só não diz que eu não avisei.
-Avisou o quê?
-Ele vai se aproveitar de você, sua
boba. O Anthony é como a mãe dele, você parece estar cega.
-E você está com inveja da minha
felicidade, agora que eu finalmente estou feliz você vem me jogar um balde de
água fria. Logo você...
-Logo eu o que ELIZABETH?
-Nada. Vou voltar pra minha festa, o
meu esposo está me esperando.
-Vai, volta pra sua festa, pra um bando
de gente que você nem conhece, pra seu noivo bundão e a madrasta-sogra megera.
-Você é RIDÍCULO ANDREW, o Tony tem
razão quando diz que você é um criança...
-O queeee? Pois eu também vou dizer o
que acho desse... Lizzzz, volte aqui. Aaarrrrrrsss, merda!
Foi a última vez que falei com o Drew
depois daquela noite.
Saindo dali, passei pelo jardim e antes
de chegar a tenda da festa uma sensação estranha ao meu redor, senti como se
alguém me observasse.
-Que estranho!
O Anthony vinha em minha direção e me
pegando no colo anunciou ali mesmo que estávamos partindo para nossa noite de
núpcias. Ele me pôs no chão e segurou a minha mão até entrarmos na Limusine que
nos levaria para o hotel.
Tudo estava programado, depois das
núpcias, no dia seguinte pegaríamos um vôo sem escalas para Paris, a Cidade
Luz.
No caminho do hotel, a Limusine parou
bruscamente na estrada, eu me assustei, mas o Anthony me acalmou, dizendo não
ser nada, me beijou e se consertou no banco.
Contudo, num minuto o motorista abriu a
porta ao meu lado, a impressão que eu tive ao olhar para ele foi a pior, ele
era enorme, forte e desajeitado no uniforme de motorista, traços pesados, cara
mal humorada, os seus olhos pareciam com... pareciam com os olhos do meu
pesadelo...
“Não pode
ser...”
Bradando para mim, ele ordenou:
-Desce do carro.
-O que está acontecendo? Anthony?
Anthony sorriu, me olhou e disse:
-Ah querida quase me esqueci, feliz
aniversário!
-Falei pra DESCER DO CARRO.
O homem esbravejou me puxou para fora e
me carregou pra dentro da floresta a puxões, o medo tomou conta de mim, eu não
conseguia ver onde estava o Anthony. Meu Deus o que estava acontecendo? Eu só
conseguia gritar, gritava sem parar.
-NÃÃÃÃOOOOO!!! o que está acontecendo!?
ME SOLTAAAA!!! Por favor, me solta!!! Lágrimas desciam do meu rosto.
O homem era muito mais forte que eu,
muito mais forte que qualquer um que eu já conheci. A cada puxão que ele me
dava eu tinha a impressão que o meu braço seria arrancado. Eu não via o rosto
dele direito, só que ele tinha uma cicatriz próxima ao pescoço.
-SOCOOOOORROOOOO!!! ALGUÉM ME
AJUDEEE!!! Por favor! Não me machuque! Por favor! Por favor! SOOOOCORROOOOO!!!
Eu tentava me soltar, mas não
conseguia. E nem sinal do Anthony. Estávamos embrenhados na floresta agora, não
dava para ver a estrada e estava tudo muito escuro a não ser pela lua cheia no
céu que clareava alguns trechos.
-O QUE VAI FAZER? SEU DESGRAÇADO!!! ME
SOOOOOLTAAAA!!!
Então ele parou e disse:
-Ajoelha.
-Nãoooo! Por favoooor! Não!
O choro era quase convulsivo agora.
Ele me esbofeteou no rosto e me lançou
no chão com tanta violência que quando eu caí, bati a cabeça com força em uma
pedra próxima e no mesmo instante fiquei tonta, passei a mão pela cabeça e
senti molhado e quente. Eu já não estava raciocinando direito com a pancada.
Quando ouvi ele dizer:
-Esses são os votos do noivo, para a
noiva.
Ele gargalhou terrivelmente e disparou
dois tiros em mim. A dor foi lacerante, meu peito queimava.
A última coisa que me lembro daquele
momento antes de cerrar os meus olhos foi a Lua cheia sobre mim.